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Caçadores em busca do imóvel perfeito

O trabalho dos “house hunters” é como o de detetives (Foto: Ana Branco)


 Eles passam o dia, literalmente, à caça. Batem em muitas portas, fazem amizade com zeladores e porteiros, conversam com os funcionários da padaria ao lado do prédio. Como detetives do mercado imobiliário, os “house hunters” farejam imóveis disponíveis para aluguel. Esta nova modalidade profissional está começando a ganhar espaço em imobiliárias e administradoras de imóveis do Rio e de São Paulo.

O aquecimento do mercado, a dificuldade de achar imóveis para alugar e a competitividade entre as empresas está incentivando a segmentação da oferta desse serviço tão específico: ir atrás, até encontrar, o imóvel dos sonhos de seus clientes. “É um trabalho superpersonalizado, com foco no cliente”, diz Roseli Hernandes, diretora da tradicional Lello Imóveis, de São Paulo, que tem um departamento com 12 house hunters só para locação. “É um trabalho de formiguinha, de investigação. Para isso, treinamos a equipe constantemente”, afirma.

Para estarem exatamente no tom, diz Roseli, eles devem ter curso de técnicas em transações imobiliárias, saber avaliar imóveis, conhecer muito bem a cidade e o mercado, além de ter ótima postura junto aos proprietários, para não assustá-los. “Nós conseguimos captar imóveis basicamente de dois tipos diferentes de proprietários: os investidores, que compram para alugar, e as pessoas que possuem dois imóveis e estão na dúvida sobre o que fazer com o segundo”, conta o house hunter Sérgio Saborido, acrescentando que grande parte dos “achados” estava vazia.

No Rio de Janeiro, a prática também ainda é novidade, mas já existem empresas oferecendo os serviços. Foi a competitividade do mercado que criou a necessidade de profissionais cada vez mais especializados, afirma o diretor do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-RJ), Camilo Abicalil. “As imobiliárias e administradoras precisam dar uma atenção especial ao cliente para mantê-lo. A especialização dos corretores é uma tendência de mercado”, diz.

Cidade do Rio tem cerca de apenas 2.300 imóveis para locação. Não é para menos. De acordo com pesquisa do Sindicato da Habitação (Secovi-Rio), referente ao ano de 2011, atualmente a cidade tem somente cerca de 2.300 imóveis disponíveis para aluguel, o que, considerando uma população de mais de 6,3 milhões de habitantes, é irrisório. É claro que muitos apartamentos para locação sequer chegam a ser anunciados. Mas, ainda assim, existe muito mais gente procurando apartamento para alugar que imóveis disponíveis para locação.

Só a administradora Renascença recebe cerca de 40 mil pedidos de aluguel por mês, no Rio - cem vezes mais que a quantidade de imóveis ofertados pela empresa. “A demanda para locação no Brasil sempre foi muito grande, pela dificuldade de se comprar a casa própria. Mesmo com as recentes facilidades de financiamento, a procura é muito grande, e só faz crescer”,  analisa Edison Parente, diretor comercial da Renascença, que conta com 16 profissionais só para buscar apartamentos e casas que atendam a todos os requisitos dos clientes “preferenciais”.

É o caso do piloto Ricardo Miguel da Conceição. Recém-casado e já proprietário de um imóvel, no Recreio, ele procurava por um apartamento na Barra, para alugar, que se encaixasse em algumas exigências: fosse de frente para a praia, num andar alto, pegasse sol da manhã, fosse próximo ao quiosque do Pepê e fosse parcialmente mobiliado (ao menos com armários fixos e ar condicionado). Depois de tentar sozinho, por uns meses, sem sucesso, resolveu requisitar à administradora. “Este imóvel atendeu à minha expectativa direitinho: a vista é maravilhosa e fico bem em frente à área de prática do kitesurfe”, diz ele, que pagou o equivalente a um mês de aluguel pelo serviço. “Mantenho meu apartamento próprio alugado, eu e minha mulher preferimos morar neste aqui.”





 

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