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Reprodução das orquídeas

 Por Alexandre Bacelar .

Quando as orquídeas retribuem toda a nossa dedicação com suas maravilhosas floradas, é difícil resistir à tentação de multiplicálas. Uma das maiores dificuldades para aqueles que estão se iniciando no cultivo de orquídeas é, sem dúvida nenhuma, a reprodução de suas plantas.
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 Existem basicamente três formas de se reproduzir uma orquídea: através da reprodução simbiótica, meristemática e vegetativa.

A reprodução simbiótica ou natural ocorre na natureza através da formação e desenvolvimento de sementes, mas não é fácil replicá-la em casa. As sementes são muito pequenas e não conseguem germinar sozinhas. Elas só se desenvolvem na presença de um fungo, presente nas raízes das orquídeas adultas, que fornece as condições adequadas de acidez e a disponibilidade de nutrientes necessários à germinação das sementes. No dia seguinte à fecundação a flor se fecha e forma uma cápsula onde se desenvolverão cerca de 300 a 500 mil sementes minúsculas. Essa cápsula leva em média um ano para crescer e amadurecer.

Se você quiser tentar reproduzir suas orquídeas através de sementes, as duas formas mais indicadas são:
1 – A mais simples: após a abertura da cápsula, retire as sementes com o auxílio de um cotonete e espalhe-as próximo às raízes de orquídeas adultas. Após a germinação, retire as pequenas mudas e as coloque em pequenos recipientes contendo substrato (tubetes são muito utilizados para isso).
2 – A mais eficiente: prepare um substrato de musgo (Sphagnum), que deve ser esterilizado e deixado em repouso em um recipiente fechado juntamente com pedaços saudáveis de raízes de uma orquídea adulta, da espécie que se deseja reproduzir, para que o fungo possa se reproduzir no próprio Sphagnum. Após alguns dias de descanso, semeie as sementes e conserve o sistema em um recipiente transparente. As sementes germinam em algumas semanas. O crescimento é lento, de modo que uma planta só floresce pela primeira vez após 5 a 10 anos, dependendo da espécie.

A forma de reprodução utilizada por laboratórios e grandes produtores é a meristemática, ou por clonagem. Nela retiram-se pontas de raízes que são colocadas em meios de cultura. Sob a influência de hormônios vegetais, essas pontas, meristemas, transformam-se em uma massa de tecidos indiferenciados, capazes de dar origem a novas plantas. O método mais simples de reprodução e o que mais facilmente podemos utilizar em casa é o vegetativo, por separação de mudas ou divisão de rizomas, é nele que nos concentraremos mais detalhadamente.

As orquídeas apresentam basicamente dois tipos de crescimento: o crescimento por rizomas, criando vários pseudobulbos (novas mudas) ao longo do tempo, e o crescimento na vertical do mesmo caule. Para as orquídeas que criam pseudobulbos como as Catléias, Cymbidiums, Odontoglossum, Cambrias, Miltônias, Zygopetalums, Maxillarias, Laelias e Dendróbios, a reprodução é facilmente conseguida com a simples divisão da planta. Cada três novos pseudobulbos representam uma nova muda. Tudo o que você precisa fazer é esperar que a planta cresça, separando-a em novas plantas. Cada nova muda deve possuir pelo menos três pseudobulbos “velhos”. Quanto mais pseudobulbos em cada planta, maior a probabilidade de sucesso das novas plantas. Os pseudobulbos secos e mortos devem ser eliminados, mantendo-se apenas os saudáveis. Na hora do plantio, as mudas devem ser colocadas encostadas em um dos lados do vaso. Os pseudobulbos mais velhos devem ficar próximos à parede, e o mais novo mais ao centro, pois é dele que sairão os novos brotos.

Após a divisão, mantenha as plantas em local mais abrigado por pelo menos duas semanas.

Em orquídeas que não criam pseudobulbos, como as Phalaenopsis, tão comuns em nossas casas, a reprodução pode ser feita por separação do caule. Ao florescer, uma haste floral sai da base (coroa) da planta e cresce terminando em um cacho de flores. Esse caule possui pequenos “nós” ao longo de todo o seu comprimento. Esses nós são protegidos por uma fina membrana e têm a aparência de pequenos “inchaços” ao longo da haste floral. Cada um desses nós, desde que corretamente estimulados, possui a capacidade de formar uma nova planta. Os mais próximos à base possuem um menor potencial que os mais ao topo da haste. Se a haste for impedida de dar flor, toda a energia da planta será canalizada para a produção de uma nova muda. Alguns criadores optam por cortar a ponta floral antes que as flores se abram para aumentar as chances de reproduzir a planta.

Passo a passo para reprodução de orquídeas a partir da haste floral:
Material necessário:
Caixa ou recipiente plástico, faca ou estilete, pincel de cerdas macias, filme plástico (desses de embalar comida), tesoura, água destilada, soro fisiológico, álcool 70%, luvas, compressas de gaze, substrato para orquídeas, hormônios de enraizamento, uma haste floral e uma pinça grande.

Limpeza do material:
Todo o material tem que ser esterilizado, inclusive a mesa de trabalho. A caixa de plástico, a faca e a tesoura devem ser desinfetadas com álcool.

Como proceder
Preparação da haste:
1 – Quando a haste deixar de ter flor, corte-a deixando 2 nós na planta mãe.
2 – A haste é cortada aos “bocadinhos” deixando um nó no meio deles.
3 – Depois de cortada, limpe com gaze embebida em álcool os pedaços de haste.
4 – Passe por água destilada para retirar o álcool e submirja em soro fisiológico durante 15 minutos.
5 – Lave novamente em água destilada passando por 3 vezes nova água.

Reprodução:
1 – Coloque o substrato na caixa de plástico e, por cima dele, coloque a gaze umedecida em água destilada.
2 – Pegue os pedaços de haste previamente preparados e, com muito cuidado, retire com a pinça a fina pele que recobre cada nó, é deles que nascerão as novas mudas.
3 – Pincele hormônio de enraizamento nas extremidades dos pedaços de haste.
4 – Coloque-os sobre a gaze 5-Feche a caixa com o filme plástico e faça alguns pequenos furos para entrada de ar.

Dicas:
-Não regue nos três primeiros dias. Do quarto dia em diante, borrife um pouco de água, sem nunca encharcar o substrato.
-Nos primeiros meses evite deixar a caixa exposta à muita luminosidade.
-As primeiras folhas surgem em cerca de 4 meses. Quando as mudas estiverem com 3 a 4 folhas, ou cerca de 5 cm de raízes, elas já podem ser transplantadas.
-As novas mudas levam de 3 a 4 anos para florir.


Via  Casa Campo & Cia


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